sábado, 14 de novembro de 2009

Ser Educadora é complicado!

Estava a pensar na forma como é estruturada a rotina num jardim de infância...
Desde cedo as crianças são inseridas numa rotina, num ter de escolher ao que querem brincar e se não lhes apetece têm algum problema, são anti-sociais... Não pode haver momentos em que não queiram brincar? Em que lhes apeteça fazer outra coisa como por exemplo ver desenhos animados. "Não! Está na hora de brincar, depois vais ver o filme".
Estes "nãos" que se dizem assusta-me um bocado... Lembro-me que quando era pequena eu podia escolher entre brincar com bonecas, brincar com a bicicleta no terraço, ver televisão, ir para o monte com os irmãos e vizinhos, etc. Numa sala de jardim de infância a rotina é muito imperativa. Agora fazes isto, agora está na hora de fazer aquilo, se não acabaste deixa lá porque está na hora da próxima actividade... Acho isto um bocado stressante e criador de alguma frustração na criança...
Quando recordo a minha infância lembro-me de tudo o que vivi, tudo o que brinquei, tudo o que escolhi que queria fazer, porque estava em casa. Fui para o jardim de infância lá pelos 4 ou 5 anos. Não me lembro de praticamente nada... Acho que não foi significativo para mim, por isso quase nada guardei, a não ser ficar aborrecida porque "tinha de dormir", ficar aborrecida porque queria andar no baloiço mas "tinha de ir para a sala", olhar para os brinquedos da sala e pouca coisa me chamava a atenção... Também me lembro que o recreio era o momento de liberdade, onde as regras e rotinas desapareciam, cada um fazia e brincava ao que queria. Cada um expressava a sua liberdade e brincava-se a tudo. Talvez por isso os adultos dizem que as crianças ficam "selvagens" nos recreios, correndo desenfreadamente, querendo brincar a tudo e na ânsia de que o recreio acabe, vale tudo para conseguirem o que querem...
A criação de uma rotina é importante para a criança, para que ela sinta segurança e saiba o que vai acontecer a seguir na sala de aula. Mas acho que é importante até certo ponto. Só não sei onde fica esse "certo ponto" e como agir de seguida...
Claro que não me vou pôr a fazer experiências com as crianças nem ir contra um regulamento de escola jardim de infância, mas tenho pensado muito nisso.
No dia em que tiver de terminar uma actividade para iniciar outra e uma criança disser que não terminou a anterior, vou-me sentir culpada se não a deixar terminar. Se calhar o atraso de um prejudica toda uma turma se eu me puser a dar atenção ao único que ficou para trás... O caos ficaria nos que avançaram, e eu não sossegaria o meu coração pela criança que não consegue desfrutar e terminar o que está a fazer. Ser Educadora é complicado, e ainda nem lá cheguei...

Luisinha


2 comentários:

teresa disse...

sim amiga , acredito que ser educadora é complicado , mas para quem tem amor pelo que faz , porque se não tiver , não ligam muito a isso .
olha eu ésta semana tive uma ´´conversa´´ com a educadora do meu filho , porque acho que ela é muito exigente , e implica por tudo e por nada .
a antiga educadora não era nada assim , que saudades dela , mais 5 meses e ela volta , graças a deus .
sinceramente para trabalhar com crianças é preciso dar-lhes alguma liberdade e algum espaço ...
acho que quando estiveres a trabalhar deves seguir o teu coração , as crianças não são maquinas , cada uma tem o seu ritmo , e devemos respeitar o ritmo de cada uma ...
acho que vais ser uma excelente educadora ..

beijinhos

Luisinha disse...

Obrigada Teresa!
Há muitas interrogações, muitos medos, muitas vontades, muito de tudo um pouco no meu coração... Mas o essencial está lá, o amor pelas crianças e a vontade de tudo fazer para as ver crescer fortes, saudáveis e capazes de entrarem nas suas pequenas vidas.
5 meses deve ser muito tempo de espera para ti e para o teu filho... Há pessoas que se esquecem que as crianças também têm os seus ritmos e as suas formas de ser, não se pode andar a "catalogar", há que conhecer, dar chances, inventar novas formas de poder fazer a mesma coisa ou até encontrar outras coisas que mais se enquadrem à criança. Essa educadora só deve pensar nela, na sua rotina, no seu afazer, e o "pequeno exército" tem de andar ao seu ritmo! O que é uma pena e vê-se muita gente assim...
Lembrei-me que vi uma actividade de digitinta em que supostamente as crianças fariam desenhos à sua vontade, mas... "para ser mais rápido" a auxiliar punha tinta no papel, pegava nas mãozinhas da criança, espalhava e já está!! Bem... sem comentários...

Obrigada pelo carinho!
Um beijinho