sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Hoje decorei o meu quarto!

Luisinha


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Oração

Deus sabe sempre o que é melhor para nós.
Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma da outra.

Luisinha


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vida além da morte

Hoje de manhã ao ir para o autocarro (e já ia tarde), um Jeová entrega-me um daqueles típicos folhetos precisamente quando eu estava a atravessar a rua, ou seja, foi uma oferta muito rápida em que, com um sorriso, ele me pediu que o lesse. Agradeci com um sorriso e curiosa que sou li mesmo!
O título é: Quem realmente governa o mundo?
Eles dizem que os grandes governantes do mundo são Deus e Jesus. A população mundial deseja viver em paz e harmonia mas isso não acontece. Ora, se todos desejam viver em paz e harmonia, porque é que desencadeiam guerras violentas e se maltratam uns aos outros? A resposta é que estas acções são fruto do Diabo que nos leva a cometer estes actos. Acrescentam: "Assim sendo, Satanás, o Diabo, é realmente o governante invisível do mundo!".
Dizem que "os espíritos iníquos se aproveitam da tendência pecaminosa dos humanos, promovendo literatura, filmes e programas de televisão que destacam o comportamento sexual imoral e desnatural. " também refere a passagem 2Coríntios 11:14 "E não é de estranhar! O próprio Satanás se disfarça em anjo de luz!".
Mas o que mais me incomodou foi a forma como dizem que qualquer contacto com o espiritual é dar portas abertas a esses espíritos iníquos que só pretendem levar-nos para o mau caminho, por assim dizer... Advertem para rejeitar vozes que se dizem de um amigo ou familiar, que os espíritos iludem-nos para a ideia de existência de vida após a morte!
Acho que não devemos julgar qualquer religião. A base é sempre o amor e bem estar das pessoas e isso não vem de nenhum demónio! Demónio são as próprias pessoas, e estar a desculpar que é por influência de "demónios" é querer justificar muitas coisas... Se supostamente caminhamos para a perfeição junto de Deus, como é que não seremos um espírito? Fala-se tanto em espírito no catolicismo, ou em alma. Se existem esses demónios sob a forma espiritual, porque é que não podemos existir nós?? Jesus não apareceu após a sua morte? Então era um espírito que foi para junto de Deus. Se Ele se fez homem e retornou ao céu, porque é que nós não retornamos? Dizem que retornamos à morada do Pai, mas também dizem que não há nada além da morte. Então se não há nada além da morte como é que podemos supor um retorno para junto de Deus, um "viver em paz", atribuimos sentimentos a quem já morreu e não é só para descansar a nossa alma, porque a pessoas que, por assim dizer, não nos dizem nada, dizemos e pensamos logo que é um espírito que foi para junto de Deus, que nos vai guiar, que nos vai amparar, e até pedimmos coisas em oração!! Isto faz parte de um supôr que não existe nada além da morte? Então as injustiças que se vivem no mundo seriam mesmo grandes injustiças de Deus para muitas pessoas! Mas falar disto é complicado... Se já nem a vida que vivemos conseguimos dar conta quanto mais estar a ter conta num mundo que nos aguarda silencioso, sem dar de si, mas que provoca muitos questionamentos e controvérsias...

Luisinha


Falta coração nas coisas


Hoje parece que falta um bocado de coração nas coisas... Ou se calhar eu é que não sei sentir! Não estou triste, estou bem. Mas parece que falta alguma coisa... É aquela sensação estranha que não sabemos definir muito bem... Hoje até foi um dia divertido, até me ri muito com as minhas colegas numa aula de expressão dramática onde o professor nos dá uma liberdade de acção extraordinária! Mas agora, lá mais para o fim do dia que se faz noite, essa sensação veio e não sei bem porquê. Continuo a achar que não estou triste, mas ao mesmo tempo dá-me vontade de me isolar sem vontade para muita coisa. Há momentos assim... Ainda pensei duas vezes antes de vir aqui escrever. Talvez o tivesse feito para tentar entender este vazio sem explicação... Até agora não entendi. Acho que me vou contentar com a frase: "Há coisas que não têm explicação", e tentar não pensar muito nisso.
Amanhã de certo será um dia melhor sem este "não sei o quê" que não me deixa triste mas também não me deixa ter a alegria que sempre trago no coração.


Luisinha

sábado, 21 de novembro de 2009

Um dia feliz

Hoje tive um dia feliz!
Vi os meninos a serem recebidos para a catequese numa recepção de grande amor, cuidados e carinho. Pudessem todas as crianças ter a oportunidade de serem recebidas naquela atenção fraternal que lhes dá a semente pelo gosto de Jesus!
Outro bom momento foi ter visto o meu filme preferido dos clássicos Disney: A Bela Adormecida.


Luisinha


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Viver o sol de hoje

Porque hoje Deus quis trazer-nos o sol, com os seus raios quentes e luminosos, fazendo com que os coloridos fossem intensificados e os brilhos mais presentes, das gotas de orvalho que cintilam nas flores, há momentos de felicidade! Porque o sol desperta a nossa alma e traz-nos energias que nos deixam aprender a desfrutar do tempo frio e sombrio. Às vezes faz falta umas sombras invernosas, um recolhimento, temos de ver o lado bom disso! Entretanto... alegro-me com estes raios de sol, que não tarda serão apenas uma lembrança de uma estação. Voltarão na Primavera, e com ele muitas outras coisas também. E quando ele chegar vai-me perguntar o que fiz de bom na sua ausência. Preciso viver a vida, para quando ele vier, ter algo bom e belo para lhe contar...

Luisinha


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

...

Novas aragens vêm cobrir os meus dias. Sinto que algo novo chegará... O novo não precisa ser o desconhecido! O novo pode vir do que há muito estava no coração, só que adormecido...

Luisinha


domingo, 15 de novembro de 2009

Hoje fazes falta...




Há dias em que faz falta um abracinho...
Há dias em que as saudades não se curam...
Há dias em que fazes imensa falta, e penso em como tudo poderia ser diferente do que é hoje se estivesses aqui comigo...
Hoje sonhei contigo, senti uma alegria real e enorme felicidade ao acordar.
Hoje é mais um dos dias em que acredito que a tua amizade está sempre comigo e o teu amor para sempre junto à minha alma!
Hoje sinto a tua falta pai, mas sei sorrir.
Hoje queria contar-te tudo o que tenho no coração, mas não estás aqui...
Talvez saibas ler o meu coração, como sempre fazias.
Talvez entendas o que sinto.
Talvez arranjes alguma forma de estar comigo, só a tua presença basta... Ainda que seja apenas na subtileza de um espírito!

Luisinha


sábado, 14 de novembro de 2009

Ser Educadora é complicado!

Estava a pensar na forma como é estruturada a rotina num jardim de infância...
Desde cedo as crianças são inseridas numa rotina, num ter de escolher ao que querem brincar e se não lhes apetece têm algum problema, são anti-sociais... Não pode haver momentos em que não queiram brincar? Em que lhes apeteça fazer outra coisa como por exemplo ver desenhos animados. "Não! Está na hora de brincar, depois vais ver o filme".
Estes "nãos" que se dizem assusta-me um bocado... Lembro-me que quando era pequena eu podia escolher entre brincar com bonecas, brincar com a bicicleta no terraço, ver televisão, ir para o monte com os irmãos e vizinhos, etc. Numa sala de jardim de infância a rotina é muito imperativa. Agora fazes isto, agora está na hora de fazer aquilo, se não acabaste deixa lá porque está na hora da próxima actividade... Acho isto um bocado stressante e criador de alguma frustração na criança...
Quando recordo a minha infância lembro-me de tudo o que vivi, tudo o que brinquei, tudo o que escolhi que queria fazer, porque estava em casa. Fui para o jardim de infância lá pelos 4 ou 5 anos. Não me lembro de praticamente nada... Acho que não foi significativo para mim, por isso quase nada guardei, a não ser ficar aborrecida porque "tinha de dormir", ficar aborrecida porque queria andar no baloiço mas "tinha de ir para a sala", olhar para os brinquedos da sala e pouca coisa me chamava a atenção... Também me lembro que o recreio era o momento de liberdade, onde as regras e rotinas desapareciam, cada um fazia e brincava ao que queria. Cada um expressava a sua liberdade e brincava-se a tudo. Talvez por isso os adultos dizem que as crianças ficam "selvagens" nos recreios, correndo desenfreadamente, querendo brincar a tudo e na ânsia de que o recreio acabe, vale tudo para conseguirem o que querem...
A criação de uma rotina é importante para a criança, para que ela sinta segurança e saiba o que vai acontecer a seguir na sala de aula. Mas acho que é importante até certo ponto. Só não sei onde fica esse "certo ponto" e como agir de seguida...
Claro que não me vou pôr a fazer experiências com as crianças nem ir contra um regulamento de escola jardim de infância, mas tenho pensado muito nisso.
No dia em que tiver de terminar uma actividade para iniciar outra e uma criança disser que não terminou a anterior, vou-me sentir culpada se não a deixar terminar. Se calhar o atraso de um prejudica toda uma turma se eu me puser a dar atenção ao único que ficou para trás... O caos ficaria nos que avançaram, e eu não sossegaria o meu coração pela criança que não consegue desfrutar e terminar o que está a fazer. Ser Educadora é complicado, e ainda nem lá cheguei...

Luisinha


Irmãos

A relação entre irmãos é sempre diferente de criança para criança. Às vezes surpreende pela positiva, outras vezes pela negativa. Mas tudo é uma questão de hábito à ideia, à companhia e ao que se vive junto. Claro que o papel dos pais e da família também é muito importante, mas acho que o mais importante é o que sai espontâneo entre os irmãos.
Quando eu era pequenina, ainda não tinha bem 2 anos e já tive um irmão. A minha mãe diz que quando ele começou a falar não dizia os "R", as frases era do tipo "quelo uma pêla madula!" eheheh
Não me lembro do porquê me incomodar o facto de ele falar assim. A minha mãe conta que um dia estávamos os dois sentados no chão. Eu com uns 3 anos e ele com 2 mais ou menos. Então eu disse-lhe assim: "Repete o que te vou dizer - Ra, Re, Ri, Ro, Ru, como diz o Nuno Cha-fa-riz!" e foi tudo repetido tal e qual e desde aí ele passou a falar bem! Partilhamos muitas brincadeiras juntos (desde brincar com bonecos até saltar do guarda-vestidos para a cama e parti-la eheheh).
Depois nasceu o meu irmao mais novo, tinha eu uns 5 anos. Contava-lhe histórias para ele dormir, e brincamos muito os dois.
Também tive uma relação muito boa com os meus primos pequeninos, já eu estava na adolescência a caminho da idade adulta. Sinto que sempre foi uma relação muito boa porque sempre preferiam o meu colinho! Mas o mais importante que eu queria contar é em relação a esses meus primos Rui e Gonçalo. O Gonçalo tinha 4 anos quando o rui estava para nascer. Não se lhe podia falar no irmão mais novo que ele gritava, agredia, não se podia falar... Receou-se de certa forma que ele rejeitasse o irmão mas aconteceu justamente o contrário. Depois que o Rui nasceu o Gonçalo foi sempre muito amigo e cuidadoso com o irmão. Lembro-me de a minha tia me contar que (tinha o Gonçalo uns 7 anos e o Rui uns 3) ela estava a tomar banho e entretanto o Rui vomitou... O Gonçalo levou-o à casa de banho, depois aqueceu água no microondas para lhe dar, para se sentir melhor. Agora eles têm 15 e 11 anos e continuam muito amigos!
Ter irmãos é sempre muito bom, e quando eu tinha 14 anos descobri que ainda tinha mais 2 irmãos da parte do meu pai! Com a minha irmã não houve muita relação porque ela preferiu manter-se distante naquela época, mas com o meu irmão foi amor ainda antes de o conhecer!
Agora vai nascer uma priminha, a Mariazinha (como lhe chamo), e vai ter como irmã a Sofia. Estou curiosa para ver como vai ser a relação das duas! a outra priminha por nascer vai ser a primeira, ainda não tem nome e desejo que não seja a única filha dos meus primos.
Às vezes sinto "pena" de quem é filho único porque vive-se tantas coisas com um irmão... Mas sei que muitos são felizes assim, embora outros passem a vida a desejar uma companhia do mesmo sangue.

Luisinha


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Hoje...



Hoje quero-me confundir com a natureza, daquilo que sou feita, daquilo que vem de Deus.
Hoje não quero ser mais uma pessoa no meio de muitas, quero ser especial, mas apenas para mim mesma, para Deus!
Hoje vou sorrir da chuva que cai, vou brincar com o vento, vou dizer ao frio que também gosto dele. Quero amigos vivos, que venham do interior de Deus.
Hoje há no meu coração um bem inexplicável, ou um bem que não quero explicar... Só Deus sabe!
Hoje só quero ser assim, com a natureza e com Deus, porque Ele está no que há de belo e pequeno tornando-se maravilhosamente grande e infinito!
Hoje sei que contentar-mo-nos com pouco é o bastante para ter muito.
Onde há o muito Deus dispersa-se, onde há o pouco Deus faz-se Grande e suficiente!
E quando a noite chegar, vai ser bom sorrir ao deitar a lembrança de como sou feliz, com Deus no coração!

Luisinha


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma lagartixa no coração!

Entrei no autocarro para ir almoçar em casa. Normalmente sento-me nos bancos de fora para estar mais perto de sair sem incomodar ninguém. Hoje sentei-me num banco de dentro, perto da janela. O autocarro estava parado à espera da hora de partir.
Reparei numa coisinha que se mexia na estrada. Era um filhote de lagartixa que tentava a todo o custo atravessar a estrada. Ainda mal sabia andar, tinha os passos muito trôpegos! Admirei o esforço dela mas todo aquele encanto acabou depressa porque os carros passavam e a cada carro que passava ela rebolava no chão com o vento mas não desistia! Lá se punha outra vez em quarto patas e esforçadamente continuava. Comecei a ficar agoniada porque sabia que algum carro iria atropelá-la... Estava com medo disso, quase saí do autocarro para ir buscá-la, mas não deu tempo... Eu estava de olhos fixos nela e no seu esforço até que num segundo ela foi atropelada ficando só o rabinho no ar... Até me vieram lágrimas aos olhos... e pedi a Deus que a levasse com ele. Acabei por me aperceber que era uma coisa natural da vida, que naquele instante muitos milhares de animais e até pessoas estavam a morrer de alguma forma. Cheguei a sentir-me um bocado incomodada por ser diferente... Quem é que iria chorar por uma lagartixa que viu na rua?! Palermices... Mas eu sinto! E é por isso que agora tenho a lagartixa no meu coração!! Se calhar não ser normal é bom, porque é bom sentir amor pelos seres que Deus criou. Acho que se esse acontecimento me passasse despercebido eu não saberia que sou tão feliz com tudo o que tenho no coração!!
Talvez foi este pensamento que a pequena lagartixa me veio trazer! A forma tão heróica com que ela atravessava a rua fez-me ver que afinal ser diferente é bom e ajuda-me a ser mais feliz! É sempre nas pequeninas coisas que Deus nos traz grandes mensagens.
Por isso é que hoje sou um bocado mais feliz, por ter uma lagartixa no coração!!

Luisinha


terça-feira, 10 de novembro de 2009

Deficiência Mental

Cheguei de uma visita de estudo com as minhas colegas e a professora de Necessidades Educativas Especiais. Fomos a uma instituição para pessoas com deficiências, problemas mentais e outros problemas associados. Era a instituição da cidade com os casos mais graves!!
Vimos de tudo um pouco. Desde aqueles muito simpáticos que queria sempre abraçar, beijar, estar por perto, até aos que são agressivos e tinham de ter vigilância, porque éramos muitas e podiam-se descontrolar.
Havia o caso de um moço que tinha sido abandonado em bebé num curral (ou algo parecido) mas ninguém sabia que ele existia! A mãe só o alimentava e ele cresceu como um animal... A mãe morreu e foi descoberto com 8 anos num estado horrível, que nem o cabelo e as unhas lhe deve ter cortado naquele tempo todo... Como parece que não tinha espaço para crescer as pernas atrofiaram... Não tem qualquer tipo de linguagem compreensível, só vocalizações e movimentos de auto-estimulação... Havia também uma menina sem globo ocular nos 2 olhos. Um senhor que já era Engenheiro Civil, teve um acidente de carro, perdeu maça cefálica e agora tem alternâncias em que por vezes tem consciência das coisas outras não... Eu achei um bocado estranho quando as minhas colegas foram ver uma parte das instalações mas eu fiquei para trás porque estavam a pintar e o cheiro era muito forte! Então dei-me conta que um dos moços autistas, o mais agressivo de todos que esteve a ser vigiado (e naquele momento não), estava a olhar para mim. Ficou alguns instantes a olhar-me nos olhos, o que achei bastante estranho porque os autistas não olham nos olhos, não nos encaram e não estabelecem contacto social! Às vezes ele desviava o olhar como se estivesse a pensar em alguma coisa mas depois voltava olhar para mim. Eu só lhe sorria, era a única coisa à qual ele não correspondia. Custou-me um bocado ver os deficientes mais profundos e ainda mais porque estavam todos juntos e nós éramos muitas! Eles começaram a ficar agitados... Mas acabaram por se acostumar com a nossa presença e a professora, como já os conhecia ia falando com eles.
Quando chegamos cá fora estava um ambiente muito diferente daquele inicial, cheio de expectativas, ansiedade, animação até. No fim o silêncio era grande. Algumas colegas choraram, outras tinham mesmo ar de incomodadas e de pena. Acho que todas saímos de lá com uma certa tristeza por ver pessoas assim. Uma das moças da instituição tinha um pai incrível, sempre presente e disposto a ajudar. Ele estava lá e falou connosco um bocado. Não sei se ela tem consciência que tem aquele pai, mas o pai tem pleno amor por ela.
No fundo são pessoas muito especiais e quem lida com eles também são muito especiais! São mais uns seres que Deus criou. Talvez muitas pessoas se perguntem "que Deus criaria filhos assim?!" mas isso já é assunto para outra altura... Por agora fico com esta mistura de alegria e tristeza no coração...

Luisinha


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O quarto da minha avó

No quarto da minha avó havia este quadro na parede, em cima da cama. Quando eu era pequena tinha medo dele, é muito sombrio! Mas habituei-me à sua presença. O quarto da minha avó foi um lugar incrível onde quase tudo acontecia. Em primeiro lugar foi o espaço que acolheu a união dos meus avós e futuramente viu nascer algumas das minhas tias. Mais tarde tornou-se lugar de brincadeira: jogávamos no computador do meu primo, fazíamos caretas no espelho exterior do guarda-vestidos, brincávamos às escondidas. Nesse espelho acompanhei as minhas mudanças da adolescência.Também foi palco de fotografias em nascimentos, baptizados, casamentos da família. Acolheu algumas conversas secretas, dessas que não queremos que mais ninguém ouça! Nele, o meu avô ouvia o futebol no seu rádio a pilhas e acordava à noite de muitos pesadelos que o deixavam a cismar todo o dia. Era para a janela do quarto da minha avó que íamos ansiosamente à espera de vir a cruz na Páscoa, ou nos fins de semana de bom tempo aquela janela era uma porta para o mundo! Todos queriam ir e às vezes tínhamos que esperar a vez! eheheh Era também lá que eu e o meu irmão mais novo víamos os desenhos. O que eu mais gostava no quarto da minha avó quando era pequena, eram as caixinhas de bijuteria que ela tinha. Enrolava-me toda com os fios, punha os brincos e as pulseiras e ela ficava chateada com isso, não fosse eu perder alguma coisa, pois ela sempre andou (e ainda hoje anda) impecavelmente combinada! Foi também nas janelas daquele quarto que eu mostrei muitas coisas aos meu primos quando eram bebés. Brincámos com as cortinas, com a cama, com as almofadas. Foi lá que o meu primo tocou os primeiros acordes na viola. Ainda me lembro que nesse quarto estive com o meu avô onde ele me contou como foi a história de união dele com a minha avó e como ele estava nervoso quando foi pedi-la em namoro! Foi nesse quarto que se escolheu a roupa de funeral do meu avô... Depois a minha avó mudou-se... Depois disso, esse quarto foi abrigo de duas cadelinhas de rua. A associação não tinha onde as pôr e eu falei com a minha avó, ela não se importou. As cadelinhas tinham sarna, contagiosa, só se podia mexer nelas com luvas. Eram pequeninas e eu tinha imensa pena delas. Como tinham nascido no mato tinham medo das pessoas. Eu passei a ir lá todos os dias. Ao princípio elas escondiam-se debaixo da cama mas com o tempo elas começaram a sair e a vir ter comigo. Não tive medo da sarna e fazia-lhes festinhas. Que alegria vê-las a abanar o rabinho em vez de andarem com ele entre as pernas com medo! E em muito pouco tempo elas ansiavam a minha chegada fazendo sempre uma festa!! A verdade é que eu nem sabia que a sarna era contagiosa, e por isso nunca usava luvas. Se calhar com as luvas elas iriam assustar-se mais. Elas foram para adopção e eu não tive sarna (felizmente). Agora a casa está abandonada, vai ser demolida para construírem um prédio... Mas todos os dias passo por ela e dá-me uma certa nostalgia de olhar as janelas e lembrar como fui feliz naquele quarto, naquela casa...

Luisinha

sábado, 7 de novembro de 2009

O padre não é exemplo para ninguém!

Durante a aula veio ao assunto o falar ou não falar às crianças sobre temas religiosos. Nos particulares sim, nos públicos não, mas se a maioria for católico sim, mas há que respeitar os que não são... e a discussão foi seguindo.
Uma colega disse assim: "professora eu acredito em Deus, gosto de rezar, conversar com Deus, mas nunca me vou confessar a um padre porque acho que ele não é exemplo para ninguém! Ele é um ser humano como nós, tem defeitos, e acho que nunca me iria confessar a alguém que também tem defeitos!"
Fiquei a pensar... No momento não consegui responder nada... Lá mais para o fim do dia, acho que a conclusão a que cheguei foi a seguinte: ela também não é nenhum exemplo de pessoa para supor que pode educar uma criança, e quanto mais dezenas e centenas delas ao longo da sua carreira como Educadora de Infância, pois também tem defeitos, erra, e o pior é que as crianças não seleccionam o que é bom ou mau, elas absorvem tudo o que lhes transmitimos intencionalmente ou não! Acho que tudo é relativo... Não se pode "catalogar" assim as pessoas. Mas isso só mostra a decepção dela, talvez ela quisesse que os padres fossem mesmo santos! Se calhar essa negação esconde um querer! E se ela quer é porque realmente tem crença em algo, espera por algo! Ou não?! Acho que há "crenças escondidas" que se expressam pela negação...

Luisinha


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Amor de Pai na Bíblia

Sinto saudades do meu pai.
A sua ausência vai completar 16 anos. Ele foi para junto de Deus quando eu ainda era uma menina e de certa forma, ainda sou a menina que ele deixou... Brincávamos muito, ríamos muito, falávamos muito, partilhávamos muitas coisas juntos. Quando ele foi embora essas coisas fizeram muita falta, e ainda hoje algumas ainda fariam sentido, como receber um abraço, um colinho, um sorriso, um "tu és capaz", e outras coisas que se partilham por toda a vida.
Ele não está aqui para me dar essas coisas físicas, mas no coração sinto que ele está sempre por perto, sem nunca descuidar do amor que tínhamos. Deus disse-me isso, quando me mostrou na Bíblia a seguinte frase num dia em que estava com muitas saudades: "Uma filha é para o pai uma preocupação secreta, e o cuidado por ela tira-lhe o sono(...)".
Acho impressionante como pude encontrar na Bíblia algo que fala directamente daquilo que sinto, a minha vida, os meus sentimentos. Talvez seja esse o verdadeiro significado da Bíblia, o de nos falar alguma coisa significante, porque a Bíblia e Deus não são algo à parte, são parte de nós, e o desinteresse passa muito por julgar que na Bíblia há uma história que nos querem contar, algo que nos querem incutir forçosamente e não é assim! Nela podemos encontrar muitas verdades relacionadas à nossa vida, às nossas preocupações, alegrias, e tudo porque a Bíblia é feita realmente de histórias mas de histórias de seres como nós ou daquilo que poderemos vir a ser. Nós também somos uma história! Cada um de nós vive uma história mas com a diferença que essa não vai estar na Bíblia, mas sim no coração de Deus! Podemos é tomar a Bíblia como orientação para aquilo que vivemos pois nela Deus sempre nos fala!

Luisinha


Abelard & Heloíse

Ontem à noite encontrei no Youtube o filme de Abelard e Heloíse em partes. Vi o filme todo é muito lindo!! Este casal romântico do século XII, com o seu amor proibido pelo tio de Heloíse e pelas restrições de celibato de Abelard (não por ser padre mas por ser professor de filosofia teológica) existiu na realidade. Tiveram um filho mas no fim ele tornou-se monge e ela freira, mas mesmo assim continuavam a amar-se e a trocar cartas de amor. Algumas dessas cartas ainda existem e ambos estão enterrados no mesmo túmulo no cemitério Pere Lachaise em Paris.

O filme chama-se "Em Nome de Deus" e quem quiser ver, aqui fica o link da 1ª parte:

http://www.youtube.com/watch?v=96OptmgwDBE&feature=related

Luisinha

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aprendi que devo reflectir nisto...

Luisinha




Coragem

Quando acho que a vida é um conto de fadas, esbarro na parede dura da realidade! Tão dura que me impede de avançar. E por vezes, só o medo dessa sensação impede o meu avanço e a coragem para ser feliz!

Luisinha...


quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um amiguinho novo

Hoje conheci o Miguel, tem 3 anos. É um menino que nunca quer fazer nada mas está sempre atento a tudo. A educadora disse que os colegas já tinham feito carimbos, pinturas, colagens e ele nada...
Na hora do lanche o Miguel enfiou-se debaixo da mesa. A educadora sempre a chamar por ele e nada... Fui ter com ele "o que estás aí a fazer?" e ele diz "anda para aqui!" era tentador, mas como não estava em casa e era a primeira vez que lá ía e porque numa sala de jardim de infância há que haver regras (se não corríamos o risco de ver toda a turma a enfiar-se debaixo das mesas), tive que dizer que era muito grande, não cabia e sugeri que viesse ele para o meu lado. Estendi-lhe a mão e ele veio. A educadora aproveitou para o ir buscar e sentá-lo na cadeira e ele ficou triste, começou a chorar porque queria ficar ao meu lado.
O Miguel perguntou se eu ia para o recreio, eu perguntei quando era o recreio e ele disse que era depois do lanche então aceitei. "O que costumas fazer no recreio?" a reposta dele foi "nada!" e eu "nada?! que chato...". Depressa o Miguel criou algo para fazermos: "vamos fazer bolinhos!" e fomos de mãos dadas para o recreio, mexer na terra, vimos uma aranha e duas formigas!
Outras crianças juntaram-se a nós e uma disse-me apontando para as minhas colegas da universidade "aquelas meninas não estão a brincar!" e eu disse "pois não... vai lá chamá-las para virem brincar também" e ela foi, só que nesse momento as minhas colegas chamaram por mim porque íamos falar com a educadora (e eu com as mãos cheias de terra eheheh). Dali a nada aparece o Miguel na sala com um ar decepcionado e diz-me: "anda brincar!" e a educadora disse "daqui a bocado". Coitadinho foi embora com um ar tão tristinho... Para a semana vamos lá outra vez. Talvez consiga fazer com que o Miguel realize alguma actividade, quem sabe...?!

Luisinha


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Fatinha

Hoje, não sei porquê, lembrei-me de uma amiguinha da escola a Fátima, ou Fatinha, como lhe chamávamos.
Escrevi-lhe este texto na minha agenda:

Fatinha:
Hoje lembrei-me de ti.
Eras minhas coleguinha na primeira classe.
Ficavas sentada na última carteira, entretida a fazer desenhos porque não aprendias como nós. Lembro-me de algumas vezes ir para perto de ti, ver o que estavas a fazer e a procurar entender porque é que eras "distraída". Na altura eu não entendia, mas hoje consigo compreender a tua "distracção", estou a estudar sobre isso.
Também ainda me lembro do dia que a professora nos disse que não voltavas mais para a escola, porque morreste queimada...
Agora recordo-te na foto da primeira classe, e nas lembranças da nossa infância. Mais importante que isso, recordo-te porque rezo por ti! Talvez mais ninguém se lembre de ti, já foi há tanto tempo... Para mim tiveste muito significado, jamais vou te esquecer.
Da tua sempre amiga,
Luisinha