sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Agimos conforme agem connosco

No rés do chão do meu prédio morava um casal de idosos.
Há uns meses eu saí para fazer compras e ouvi a televisão muito alta (porque os dois ouvem mal) mas à mistura ouvia uns gritos do senhor e a bater em alguma coisa. Parecia aflito a pedir ajuda e talvez a mulher não o ouvia com tamanha barulheira da televisão. Fui às compras e comentei com a senhora da mercearia. Será que precisavam de ajuda? Ela disse para eu ir lá ver o que se passava e se fosse preciso ela ligava para uma ambulância.
Toquei à campainha. Perguntei à senhora se estava tudo bem e se precisava de ajuda. A reação dela foi sorrir, abraçar-me e dizer "eu estava a ver Nossa Senhora de Fátima agora na televisão! E tu vieste! Muito obrigada! Não estou a precisar de nada mas vou rezar por ti."
Depois que voltei do Brasil soube que o marido dela tinha falecido um ou dois dias antes da minha chegada... Desde então vi-a de relance quando estava a sair do prédio. Uma senhora foi tocar à porta dela, talvez a ver se precisava de alguma coisa e a relembrar o marido dela. A reação dela foi começar a chorar. Anteontem eu estava a sair do prédio outra vez e ao abrir a porta vi que ela aproximava-se. Estava toda vestida de preto e cabisbaixa... Eu estava com a porta aberta à espera dela. Quando ela levantou a cabeça eu sorri-lhe e ela retribuiu o sorriso, ainda que um bocado "forçado" e agradeceu.
Acho que as pessoas reagem muito ao que se lhes apresenta. Se eu me pusésse a falar sobre o marido ela de certo começaria a chorar. Assim, eu só sorri de forma compreensiva e ela foi capaz de retribuir! Acho que estas pequenas formas de lidar com as pessoas é que muitas vezes faz a diferença...

Luisinha

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